Sistema Misto Parte III: Pensar ou Reproduzir e o que isso tem a ver com o “mercado de mão de obra” e a aversão ao empreendedorismo
Partindo do princípio que não há
sistema perfeito, que um indivíduo idealista até pode incomodar, porém sozinho
não é capaz de mudar o sistema, e que as escolhas individuais interferem nos
resultados gerais, parar para pensar no porque estamos seguindo em determinado
sentido permite refletir sobre as razões de nossos porquês.
Numa realidade em que as redes
sociais estão diretamente conectadas ao dia a dia das pessoas se fazendo
extensão do próprio modo de ser, agir, reagir e se organizar, podemos perceber
em todo o mundo como “enxertos” (perfis fakes de automação), conectados a
indivíduos ou grupos cujo assunto seja capaz de causar alguma mobilização que
lhes interessem podem ser usados para reforçar de forma sutil as escolhas
individuais através da identificação.
Técnicas bem executadas de
Marketing que outrora eram as que alavancavam vendas, agora possuem um grande
concorrente: As interações sociais no ambiente virtual. Algo que só havia ouvido
falar sobre pirataria cibernética, deep web,
garimpagem de dados e outros eventos que operam legal ou ilegalmente, quando
organizadas por grupos de interesses diversos, podem transformar a vida de um
cidadão comum num verdadeiro inferno, inclusive, quando essa prática opera
direcionada para manipular decisões importantes como as formações de movimentos
das massas que são capazes de pesar em situações que podem trazer transtornos
incomensuráveis.
Por mais que os administradores
das redes sociais operem a fim de controlarem tais práticas, não há como
impedir que grupos ou indivíduos operem como estimuladores de resultados
através de perfis fakes. E aí reside outra grande questão: O que fazer diante
disso?
Sem dúvida alguma, o Homem é o
Fator de Transformação no meio sobre o qual atue. As técnicas de Marketing, a
realidade sobre os influenciadores digitais e a responsabilidade que tal
prática exige, as conexões entre os indivíduos podem produzir resultados extremamente
benéficos ou de destruição mais que caótica, ou seja, se torna difícil prever
se deixarmos à conta de que empresas sejam capazes de controlarem o
incontrolável. Assim, é o Fator Humano que precisa ser trabalhado sob um aspecto
de maior e melhor qualidade de consciência.
Um grande exemplo disso se dá
pela formação dos valores culturais de um indivíduo ou povo. Tais pessoas
ficavam isoladas em uma fronteira controlada e comungavam dos mesmos padrões
comportamentais, princípios e valores que sofriam alguma influência externa através
de referências como a moda, a música, a arte, a política, personalidades, o
mundo acadêmico ou até mesmo outras culturas. Como a comunicação era mais
lenta, as mudanças no comportamento social que operam como base da organização
econômica e política de um povo, também eram. Com a expansão tecnológica, o
aumento populacional, o distanciamento entre as realidades, as crises
econômicas, as revoluções industriais e nas sociedades, as guerras, o constante
clima de paz armada, entre diversos fatores que acabam levando chefes de estado
se comportarem como players atuando num mercado sem regras éticas, essas
atuações parecem atuar de modo sutil e perigoso e somente pode ser parado pelo
próprio indivíduo.
Em alguns casos, não há como
relatar abusos, invasões de privacidade, quebra de dados e outros pontos porque
tais perfis agem de modo que não sejam classificáveis como risco. Acabam
atuando sobre um determinado perfil a ponto de que a criptografia da rede
social classifique equivocadamente o indivíduo alvo da ação organizada como um automotor. Portanto, algumas medidas já foram tomadas para se evitar ações
danosas como essas, que podem inclusive serem provocadas por algum ser enciumado ou malicioso, porém, a falta de conhecimento da plataforma, a falta de
intimidade com o uso dessas ferramentas, e o próprio equívoco de permitir-se o
uso de hashtags, marcações e etc acaba conflitante quanto ao uso dessas
possibilidades e, nesse caso, é preciso debruçar-se sobre os Termos de Uso, o
que para muitos, se torna difícil de fazer, tanto por causa da incompreensão geral
sobre o que se lê como também pela falta de entendimento do que se lê.
Outro fator está no uso de denúncias.
Perfis organizados podem realizar denúncias e motivar através da mobilização,
que denúncias sejam feitas, o que também pode prejudicar o desenvolvimento de
um trabalho, seja ele como influencer, criador de conteúdo, personalidade
pública ou marcas. Neste último caso, há alguns questionamentos interessantes: as
marcas concorrentes fazem uso desse tipo de prática? Na ascensão, digitais
influencers também fazem?
Difícil responder com precisão,
porém, as investigações sobre as eleições presidenciais no Brasil em 2018,
revelaram que partidos políticos têm feito uso dessa prática que, pelo visto, é
um serviço oferecido por empresas especializadas, e talvez, outras nem tanto. O
que leva a outra reflexão: Haters são pessoas mobilizadas, perfis fakes ou
gente infeliz que não possuem algo melhor para fazer? Talvez as três
possibilidades...
E o que tudo isso tem a ver com o
mercado de mão de obra e a aversão ao empreendedorismo?
Em culturas cuja presença
religiosa é muito forte, dependendo do perfil religioso e da orientação quanto
as responsabilidades do cidadão e do Estado, há certa aversão, condenação ou
até mesmo repúdio à riqueza, como também, há uma doutrinação voltada para a
realização através do emprego somente. Ocorre que, em economias que possuem a
condição de pleno emprego, a remuneração do indivíduo costuma lhe permitir
gozar das possibilidades inerentes ao ser humano bem como das condições de
sobrevivência em sociedade que geralmente são disciplinadas pelo respeito à
individualidade, sofrendo algumas alterações de perfil para perfil cultural.
E o que isso gera de impacto na
vida do cidadão comum?
Se na realidade de certo povo
este não é preparado para “Ser Dono de Sua Própria Vida”, ele estará sempre na
expectativa de que outro lhe resolva os problemas, vê o desemprego como uma
fatalidade aceitável ainda que em proporções absurdas e há a admissão de que
modos de escoamento de produção, a falta de infraestrutura, o sucateamento da saúde
e da educação, o aparelhamento do Estado por interesses diversos, assim como o
aceite de qualquer nível remuneratório e condições de vida sejam assimilados
com a mesma facilidade que culpa o Poder Público pela ineficiência da
sobrecarga que o impõe.
Não dá para esperar que um Estado
Sobrecarregado seja suficientemente capaz de resolver todas as questões,
inclusive de iniciativas para investir em Obras Internas de infraestrutura, à
exemplo do New Deal, que geram empregos diretos, indiretos e riquezas, além de
diminuir o custo de vida pelo aumento da eficiência nos processos de distribuição
e circulação de produção. Outro ponto importante é a desoneração referente a tributos. No Brasil, a faixa de tributação para pessoa física é absurda diante o custo de vida e o nível remuneratório, até porque, em tudo o que se adquire, recolhe-se tributos, como também, a sobrecarga tributária sobre as empresas é desestimulante e não são os direitos trabalhistas os principais vilões, ainda que estes inexistam em outras realidades, porém, é preciso preparar a população para esse trânsito da mesma forma que, uma cultura viciada não tem capacidade de operar de súbito sem vícios. Dessa forma, como o Estado é impulsionado pelas
demandas sociais, o mesmo também demanda em retorno, porém, com os cofres em
dificuldades ou tentando sobreviver a diversas tensões que no momento, ainda
que urgentes, precisam passar por uma lista de prioridades devido ao
funcionamento do Colosso que se torna a Gestão Pública com processos e
procedimentos desconectados, só tornam a realidade ainda mais delicada para se
encontrar soluções aplicáveis.
Desse modo, como já visto
anteriormente, incluindo em postagens anteriores, a formação da unanimidade, o
efeito manada das massas, a atuação de perfis com influência sutil atuando em
grupos e indivíduos com assuntos em comum, refletem o velho modo de agir do ser
humano que, antes de questionar-se o motivo pelo qual está seguindo por tal
direção, resolve simplesmente, replicar o que “todos estão dizendo”, ou é assim
que sempre fizemos por aqui. O perigo disso está exatamente em chegar aonde está
se dirigindo. Ora, uma economia focada em formar empregados e produzir atuar no
mercado com produtos “in natura”, forjará qual perfil econômico? A quem interessa
isso? Somente o indivíduo é capaz de mudar o quadro se compreender o rumo que
está tomando.
Não há I.A. (Inteligência
Artificial), Engenharia Social, incluindo a virtual, que possa valer-se diante
de um indivíduo consciente, pois este irá questionar-se a respeito dos seus
porquês. Enquanto continuarmos confundindo questões individuais com as
responsabilidades do Estado, permaneceremos divididos e estimulando os mesmos
padrões antigos que se aproveitam das mobilizações sociais genuínas e que eles permaneçam
operando. Da mesma forma, o Estado não deve ser ignorante a ponto de sobretaxar
o cidadão com tamanha incoerência que lhe tire o direito de sobrevivência
diante das adversidades, que inclusive a própria incapacidade estatal estimula. Até porque,
com um custo alto de sobrevivência, qualquer obrigação a mais pode significar
uma redução de alguma qualidade de vida que seja possível manter com poucos
recursos.
Assim, é ignorância achar que
somente através do emprego o indivíduo está trabalhando, como também, não se
pode negligenciar o fato das ocupações aparentes devido ao desconhecimento
quanto aos dados para a formação do preço de venda do produto ou serviço.
Qualquer ocupação que se exerça com dignidade e no âmbito legal é respeitável, ainda que informalmente. Aproveitar-se
de tais ocupações pela possibilidade da vantagem diante da ignorância é que
precisa ser revisto e isso vale, por exemplo, se tivermos de analisar as
manifestações de alguns segmentos de trabalhadores que compõem a sociedade. Nenhum
ser humano vive apenas de obrigações e necessidades. A autorrealização, os
sonhos e os desejos também fazem parte do indivíduo que deverá se organizar
para isso e encontrar meios de como torna-los realidade. Da mesma forma,
pertence ao cidadão escolher quais rumos pretende tomar.
Mensagem Final
Com esse post encerro as bases
que nortearão as diretrizes que desenvolvo na Oficina de Ofícios a partir do trabalho
que faço com o projeto Egly Delícias e do conhecimento que venho aprimorando com o
tempo. Desejo ter ofertado a você ao menos uma fagulha de autoquestionamento
sobre o porquê você está pensando como pensa e segue por onde vai. Precisamos formar
uma realidade melhor, mais humana, capaz e responsável em vez de ficarmos
esperando que o outro faça por nós. Quer um ambiente melhor? Inicie você a
mudança. Algo a lembrar é que “... a opressão faz endoidecer até o sábio”, isso nos
ensinou O Pensador através do livro de Eclesiastes 7:7, quanto mais as questões
internas ao indivíduo potencializadas pelas questões externas. As violências,
as crises, a falta de amparo, o sofrimento, as mazelas da humanidade e todas as
loucuras que podemos presenciar partem da ignorância, quanto a si mesmo, quanto
ao outro e quanto ao que seja verdadeiramente Amor, Equidade e Justiça. Por falar
nisso, você já se amou hoje? O Amor ao outro, ao meio e a Deus (se você crê que
exista), inicia a partir da prática do Amor por si mesmo. Desejo que nossas
escolhas sejam melhor refinadas dia após dia.
Abraço, Gratidão e Até!
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