Respeito e Liberdade: Como estão diretamente ligados à formação da Unanimidade?




No post anterior, sobre A Importância do Ser Humano nos Processos, abordei a Liderança como fator de Influência. Hoje, pretendo dar continuidade trazendo algumas reflexões sobre Respeito e Liberdade dentro dos processos e relações que formam a Unanimidade, a Maioria e o Efeito Manada. Numa realidade em que tanto usamos esses vocábulos para justificarmos nossas ações, como os estamos demonstrando?

Um dos princípios contábeis aponta que a Essência prevalece sobre a Forma. Sob essa ótica, a Liberdade equivaleria fazer tudo o que queremos e da forma como desejamos não importando se afetamos destrutivamente a vida de outrem? Caberia no Respeito o direito de ofender? A Unanimidade seria mesmo burra, como afirmou Nelson Rodrigues? Como o Efeito Manada pode ser observado na construção dos Movimentos das Massas?

Das formas mais grotescas que se pode observar, a invasão à individualidade é, certamente, uma das piores agressões que existem. A limitação do controle social precisa ater-se a essa fronteira. Quando se admite rótulos estereotipados, preconceituosos e abusivos, pratica-se agressão, o que suscita o efeito rebote de resposta. Ao confundirmos, por exemplo, os Papéis do Estado com crenças, modus de ser, agir, crer e pensar individuais, impondo a outros que suas individualidades sejam prejudicadas por causa de “nossos códigos pessoais de ver a vida”, estamos podando ao semelhante todos os direitos a ele inerentes conforme condiz à condição que nos classifica como Ser Humano, dos quais nos apossamos, dizemos defender e lutamos para gozar.

Diante disso, o que realmente nos incomoda ao nos colocarmos na posição de superioridade em relação ao outro? Acaso seria a possível ofensa ou os Minotauros de nossa hipocrisia, egoísmo e ignorância?

Um dos exemplos mais completos que a humanidade pode usufruir naquilo que pretendo demonstrar com esse post é, certamente, o de Jesus Cristo. Ele, sendo da linhagem real de Davi através de sua mãe, veio ao mundo num contexto que quebrou a lógica da organização social de seu povo e revelou a partir da Via Crucis que fora sua passagem por essa vida, como o Efeito Manada forjado através da Unanimidade não é uma invenção desse século e muito menos da tecnologia presente no mundo que nos cerca ou mesmo seja advento das Redes Sociais.

Reconheço também em Jesus a assinatura inconfundível do Verbo de Deus. Amo e Respeito profundamente tudo o que Ele desmascarou com o exemplo de Sua vida, sem nenhuma ilusão de fanatismo. Nesse ponto, peço licença a todos que se declaram fanáticos por Jesus, pois compreendo que realmente sejam. Eu O considero na estima de um irmão mais velho que a si mesmo se colocou nesse lugar e impediu que O transformassem em outra coisa senão testemunha do Pai. Por esse motivo, Seu exemplo é um dos principais que me ensinam diariamente por me conduzir à reflexão de como realmente posso trabalhar sobre mim mesma a fim de tornar-me um ser com maior qualidade em todos os âmbitos. Ele não era político nem foi a “Templo Alheio” se manifestar indignado com o que via. Antes, respeitou a todos, limitando Sua crítica ao que lhe era próprio; pagou tributos de forma pouco convencional, não fez acepção de pessoas, nem mesmo em relação a gênero, sexo, idade, classe social, função ou fé pessoal. Controlava os fenômenos naturais sem se quer ter um cajado em mãos, e ainda propôs umas das maiores reformas culturais em Seu tempo que ressoa até os dias atuais quando simplificou toda “A Lei” sob qual nascera à prática genuína do Amor explicando que Deus é Amor, e dividindo-a em dois âmbitos:

No sentido que entendemos por espiritual, Ele demonstrou que ela deve iniciar-se pela fé que Deus existe e a Ele pertencem todas as coisas e seres, por isso, somente a Ele deve ser creditado o poder e a autoria de tudo o que há, o que não impede que cada um escolha para si um modo pessoal com o qual mais se identifique para exercitar sua fé individual, pois O Criador compreende todas as nossas limitações. Assim, Deus não deve ser confundido com “aspectos ou rótulos fidelizados” porém, em todos os modos há traços de Sua Verdade uma vez que esta se encontra diluída em todas as representatividades, pois amparam aos seus modos, como cada indivíduo é capaz de lidar com ela e dela aprender. Ou seja, Deus, sendo o Criador de tudo, não deve ser diminuído a “poder ou objeto” de determinado grupo, povo ou segmento, porque assim O reduz da grandeza de Sua natureza. Nesse contexto, assim como mostrou Jesus, quem não carece de nenhum desses veículos para mobilizar sua fé, também o pode fazê-lo, pois Ele demonstrou com Seu próprio exemplo de vida, que as limitações estão na Consciência de cada Indivíduo, o que leva a outro contraste: Ora, se admito um oponente capaz de subsistir ao Criador, já aí, o diminuo de sua primazia e grandeza, pois admito que Ele não seria único, ou no mínimo, que os “Seus Filhos” teriam força em si suficiente para depô-lo.

Já no sentido de existência, Jesus trouxe a Graça da Lição de como realizar a vontade divina, se essa for o objetivo de fato, através da simplificação expressa por “Amar ao próximo como a ti mesmo.” Ora, quem seria esse próximo? Apenas seu semelhante? Como estamos definindo próximo e semelhante? Fazendo diferenças entre seres humanos ou nos admitindo irresponsáveis quanto ao abuso do meio ambiente, do outro e dos demais seres? Jesus demonstrou claramente que O Homem é Fator Determinante e Transformador do meio no qual atua e por isso tem o direito de viver e gozar da vida com responsabilidade pautada no Amor, uma vez que, o papel que Ele tinha a exercer com sua vida, quase ninguém em forma humana estaria disposto a pagar o preço e também, que a grande maioria não teria entendimento suficiente para compreender a simplicidade da existência conforme Ele propunha, ainda mais, sem suscitar culpados ou heróis pelos percalços de Sua luta.

Já no âmbito do convívio social, Jesus se cercou de todo tipo de gente, porém trouxe poucos para sua intimidade ou reconheceu como “Muito Amados”, porém, demonstrou que compreendia a função e finalidade a qual cada um servia. Ele também gostava de confraternizações, festas e de um bom vinho, o que também provocou os ânimos na sociedade da época. Ora, sob os aspectos da condição humana, pintar um ser celibatário, nega-lhe a própria condição, como também, admitir que Maria Madalena andasse em companhia de seus familiares por adoção do perdão ou de um possível relacionamento entre os dois, feria o ideal a ser conciliado naquele período pois as movimentações por causa de tantos alvoroços traziam muitos desgastes e enfraquecimento interno ao Império Romano. Até porque, sobre os Judeus, uma tribo proveniente de Israel, estava sobreposta uma tributação extra, e aqueles que confessavam uma fé diferente, acabavam por ficarem livres desse encargo. Ou seja, uma combinação de diversos fatores interferiram na construção de um Cristo diferente daquele que de fato Jesus se revelou, porém, a força inegável do que fizeram Dele e Ele aceitou que fizessem, o tornou referência quando se pensa em ignorância, incongruência e hipocrisia presentes nas limitações humanas no que tange a todos os processos que levaram à barbaridade punitiva a Ele imposta. E com a mesma potência, O fez modelos de Liderança, Pretexto e Exemplo desde aqueles dias até a atualidade.

Quando o mancebo lhe perguntou o que faltava para ser perfeito, Jesus lhe respondera: “Vende tudo o que tens e dá aos pobres.” Diante das justificativas aparentes para o contexto social do momento, aquele jovem estava cumprindo seu papel, porém, em seu interior, o fazia de inteireza ou por autopromoção? O que aparece registrado, foi que o jovem se entristecera com o que Jesus lhe respondera, e logo após esse ocorrido, Jesus teria dito a todos que, quem amasse mais a qualquer outro ser, situação ou coisa do que a Ele, não seria digno Dele. Isso acaba soando discrepante da ausência de fanatismo religioso que Jesus na prática demonstrara, o que leva a questionar se de fato tal situação ocorrera, e se ocorrera, a ideia seria exatamente como fora massificado? O problema que Jesus demonstrava não está em ser Rico ou Pobre e sim, na incompreensão daquilo que Ele estava a demonstrar. Portanto, toda ação genuína de ajuda ao semelhante, em defesa do meio ambiente, de melhores condições de vida em sociedade, de governos mais justos e equitativos, de uma humanidade mais responsável, fraterna, humana e, realmente livre de seus próprios preconceitos e egoísmos, são ações de Amor. Porém, o fazer exclusivamente para beneficiar-se, é o que Jesus apontou como hipocrisia nesse episódio. Assim, nem toda ação de ajuda é genuína, porém, é sempre uma ação proveitosamente positiva, e nisso, mais uma vez Ele revela o brilhantismo de sua maestria.

A existência de Jesus traz muitos ensinamentos que podem ser vistos, analisados, refletidos e percebidos por diversos contextos diferentes. Fato é que serve muito bem para nos ensinar sobre Respeito e Liberdade, sobre o perigo de nos mobilizados pelos calores emanados dos movimentos das massas sem o devido questionamento, averiguação dos fatos, da análise mais ampla e completa do contexto, da autorreflexão sobre os nossos porquês pessoais que nos conduzem nesse sentido, e nesse caso, o rótulo “burra” doado por Nelson Rodrigues à Unanimidade, faz todo sentido, uma vez que, sob os aspectos de interesses individuais, a cegueira quanto pôr-se numa posição de maior valia em relação ao semelhante, ao admitir a exclusão e a vingança como fatores de justiça, punição ou correção, a isola numa bolha capaz de produzir os resultados mais danosos e cruéis devido à insensibilidade em alimentarmos crenças que reduzem o outro a algo ou alguém em nível inferior e por isso, seja permitido uma condição menos humana, ou uma indulgência em demasia. Já quanto a mobilização das massas, o resultado de todo o contraste provocado pela existência de Cristo e os diversos interesses que estavam sendo provocados, levou uma multidão enfurecida às ruas. A mesma que durante o julgamento pediram para soltar Barrabás e crucificar Cristo. O curioso é que, dentro dessa mesma multidão, estavam muitos que em algum momento O seguiam e por Ele foram de algum modo agraciados.

Continua...

Abraço, Gratidão e Até!

♥🌹



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Força da União e O Poder nas Comunidades: A Paçoca e o Doce de Tamarindo

A Máquina da Crueldade x A Equivalência da Complementariedade