A Força da União e O Poder nas Comunidades: A Paçoca e o Doce de Tamarindo


Há muito temos criado teorias sobre o que seria a verdadeira expressão de Justiça Social. Diante de tantas evocações, necessidades e pedidos de amparo, é possível perceber que as discrepâncias geradas pelo sistema atual promovem a corrosão de si mesmo uma vez que revela-se incapaz de solucionar à contento e organicamente seus efeitos colaterais destrutivos tanto sobre o próprio homem quanto sobre o meio no qual ele se instala.

Mas o que de fato se deseja atingir quando se pensa em Justiça Social?

Livro na foto: Etiqueta e Boas Maneiras de Martha Calderaro

Fato que “subviver” em estado de dependência e incapacidade produtiva são reflexos de Injustiça Social porque eles encerram o homem numa incapacidade de ser pleno. Portanto, a melhor forma de promove-la é emancipando o homem desse estado pitoresco através da capacitação real e da remuneração digna, sendo que esta é aquela que lhe garante um estado de viver em plenitude.

A ideia utópica e inaplicável para o presente estado de consciência e desenvolvimento da humanidade sobre a possibilidade de inexistência das "premiações proporcionais" onde todos trabalhariam assumindo diferentes níveis de responsabilidade pelo mesmo volume de retorno, indiscriminadamente à estrutura no qual se organizam ou porque se organizam sugerida em alguns casos como forma de promover a Justiça Social, revela-se sofisma uma vez que inexista a diferenciação do retorno x risco perde-se o incentivo que atraia quem esteja disposto a assumir maiores graus de responsabilidade, podendo gerar também como consequência engessamento do sistema e falta de iniciativa individual. Além disso, significaria sobrecarregar algum ponto de concentração que gerisse todos os recursos e riquezas assim demandados, como por exemplo, o que ocorreu recentemente na Venezuela com o sequestro de bens extras e recursos investidos e poupados, ou seja, a centralização dos recursos na pessoa do Estado buscando promover alguma sensação de igualdade dispondo de recursos alheios, o que revela incerteza quanto à capacidade do Estado de fato atender por si só todas as demandas sociais de modo igualitário principalmente a longo prazo, à exemplo do que ocorre quando promove-se racionamentos de recursos onde sempre é possível notar a existência daqueles que gozam de maiores privilégios puramente por ocuparem cargos chaves que servem para manter esse escopo completamente desvirtuado.

Como se pode perceber, sem as devidas transparência, integridade, consistência de ser, compromisso, responsabilidade, atendimento exclusivo da finalidade que cada função precisa exercer e a inexistência de mecanismos eficientes de controle sobre as atividades exercidas, culminam em perversões sociais através das corrupção, disfuncionalidade e desvirtuação do que se pretenderia com o acúmulo repartido à posteriori devido ao desvio das funções inerentes às responsabilidades que lhe concedem poder para agir, premiando indevidamente a manutenção de indivíduos despreparados, inconsistentes e mau intencionados que diante da facilidade de retorno rápido e através de conchavos, se associam tratando a coisa pública como particular usufruindo indevidamente do arquétipo lesável exatamente por causa da tendência humana de beneficiar-se quando isso depende somente de si mesmo. Traço esse muito presente em indivíduos cuja integridade esteja comprometida, o que os leva a desviarem as finalidades de suas funções e se desvirtuarem do contexto qual deveriam operar.

Não é o Estado que organicamente gera empregos. Ele é provocado a gerá-los a partir da necessidade de cumprir suas finalidades diante do crescimento econômico produzido através de geração de riquezas e estas ocorrem via ações de empreendedorismo e investimentos, não significando dizer que ações pontuais com intenção de operarem a um determinado espaço de tempo não funcionem, como por exemplo, o New Deal aplicado por Roosevelt entre os anos de 1933 e 37 a fim de recuperar a economia norte-americana após o crash da Bolsa de Nova Iorque em 29 que derrubou a economia mundial naquele período entre guerras. Quanto às ações de empreendimento, por conseguinte, somente existem por causa da sedução relativa ao retorno proporcional ao risco e responsabilidade.

Dessa forma, afirmar que a centralização de recursos protege o cidadão, na realidade o conduz ao próprio abate pois o força a crer num Estado como indivíduo separado de si, autossuficiente e que assume por ele as responsabilidades que ele mesmo deveria assumir e exercitar, como se pode perceber ocorrer tanto historicamente quanto manifesto na atualidade ao observarmos, por exemplo, os casos Brasil, Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, Rússia e China, sendo estas duas últimas mais claramente antes de se abrirem para o capitalismo. Somado a isso, há também a implosão das economias culturalmente ditas liberais que ao tentarem assimilar dispositivos inatos ao sistema operante sem o devido ajuste, em conjunto, têm gerado diversas distorções no sistema geral em busca de equalizá-lo no sentido de fazê-lo funcionar contrário ao comportamento natural do próprio homem, que em essência, além do instinto de sobrevivência, é acumulador por natureza e busca através disso, destacar-se no ambiente social no qual interage, o que também não significa afirmar que as demandas que geram tais dispositivos não seriam genuínas, muito pelo contrário. São curiosamente originárias em necessidades genuínas porém, nunca atendidas de todo ou à contento exatamente porque sem elas, não seria possível forçar uma substituição geral do sistema por um que, em ambientes micro, já demonstrou não funcionar. Ou seja, nem o sistema exclusivamente liberal é capaz de atender as demandas necessárias por migrar recursos sem deixar a devida estrutura operante de forma orgânica que lhe garanta continuidade e crescimento mantendo a qualidade de vida de todos os partícipes, nem o sistema que sugere centralização dos recursos a serem repartidos a posteriori apresenta modus suficientemente capaz de realizar o suprimento do todo necessário.

Para que se estimule o crescimento econômico real, é necessário gerar bases sólidas, consistentes, transparentes, íntegras e responsáveis tanto por parte dos gestores quanto por parte dos demais agentes atuantes e partícipes determinantes no sistema uma vez que as ausências desses predicativos não geram relações mútuas de confiança, concorrência leal e muito menos resultados que beneficiem responsavelmente todo o contexto cujos resultados das relações de negócio, legislação e estrutura social demandam. Além disso, um ambiente fechado tende a minguar e tornar-se ineficaz quanto ao auto suprimento, fazendo-se necessária a injeção de novos recursos, geralmente atraídos externamente. Desse modo, continuarmos pensando em formas e modus de produção que privilegiem grupos em detrimento da qualidade, atendimento dos objetivos e finalidades é operar contra si mesmo de forma corrosiva.

Dentre as disfunções do sistema que promovem a espiral decrescente qual opera conduzindo a humanidade para o suicídio coletivo, está o uso distorcido das ações paliativas quanto à capacitação do indivíduo para o trabalho, o subemprego com remuneração escravocrata e a ocupação aparente que ferem a dignidade do indivíduo através da cultura da dependência e sensação de incapacidade em troca da geração de índices maquiados e nichos de negócios perdulários que drenam recursos à sua subtilidade cujo principal objetivo é o enriquecimento ilícito travestido de licitude via justificativa de objetivar a melhoria da qualidade de vida daqueles que compõem sua clientela.

Não é raro constatarmos existência de ongs que alegam se dispor a auxiliar as comunidades nas quais se instalam para as desenvolverem, porém seus resultados efetivos não capacitam com eficiência ou não resgatam sem o adorno do envolvimento político partidário o que culmina na formação de grupos redirecionáveis através da pré-formatação de seus conceitos diante do “alimento aparente” cuja a “boa vontade e luta” diários estariam subjetivamente buscando produzir. Observo que essa crítica se estende àquelas cujos envolvidos não se engajam por vocação, antes as usam como meio de sobrevivência desviando partes de recursos como forma de doações e retribuições para reforço de caixa de terceiros que as estimulam existir como forma de troca de favores e cortesias  dando ao interesse público uma conotação exclusivamente privada, e alocando a isso, recursos que deveriam de fato atendê-lo. Sendo que esse fato ocorre à espelho dos cabides de empregos comissionados cujos repasses parecem ocorrer no mesmo escopo apresentado pelo estouro do famoso caso Queiroz, que revelou um esquema de repasses praticado como cultural e por isso, habitual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e, também, sobre “escândalos” divulgados pela impressa de grande circulação envolvendo entidades não-governamentais (Ongs) como informado na matéria vinculada pela Veja em 29 de outubro de 2011 sob o título Ongs: O Caminho da Corrupção.

Em contrapartida, é preciso pensar que muitos dos envolvidos e engajados nesse processo estão buscando meios e formas de fazerem a desejada diferença, que realmente acreditam estarem fazendo algo e que, em algum nível, recebem e doam traços efetivos de benefícios que melhoram o contexto individual tanto seu quanto de alguns outros. Porém, é necessário compreender que a condução para a centralização via dependência ou pseudoprofissionalização contribuem para que o indivíduo permaneça preso à faixa de exclusão social quer seja via dependência do sistema através da assimilação dos jeitinhos que dele podem usufruir ou através da desesperança e falta de recursos em si mesmo de conseguir galgar sua autorrealização, o que contribui para a manutenção do enorme contingente de mão de obra barata, disponível e desesperançada e que, colateralmente, reforçam os índices de criminalidade, violência e corrupção. Em hipótese alguma deve-se ignorar aqueles que fogem à regra e conseguem quase que por força inata, aproveitarem o máximo dos recursos assim disponíveis e transformarem suas realidades de modo ético, responsável, vitorioso e empreendedor, mesmo que nesse último caso, signifique o exercício exclusivo do empreendedorismo limitado ao desenvolvimento da própria carreira profissional que gera recursos para atender as demais demandas individuais de ser e reconhecimento que expressam sua inclusão social.

Outro bom ilustrador do poder degradante da distorção quanto à ilusão de capacitação e ocupação são as Ocupações Aparentes. O que seriam elas? Tratam-se daquelas ocupações que o indivíduo assume sob a justificativa de demonstrar que está buscando viver dignamente pois isso reflete o cerne de seu desejo, porém, os meios escolhidos para satisfazerem-se são insuficientes quanto aos resultados possíveis de serem alcançados. O melhor exemplo para demonstrar isso são as vendas de paçocas nos sinais e ruas. É bastante comum indivíduos de todos os perfis de sexo e idade se aproximarem pedindo dinheiro para comprarem caixas de paçocas a fim de que possam revendê-las e ganharem seu sustento. Já nesse momento o equívoco se torna detectável: Ora, se o objetivo é garantir a sobrevivência, fala-se em continuidade o que, apenas uma injeção de recursos deveria ser capaz de ao menos garantir a recompra do produto e continuar gerando os meios de sobrevivência desejados, fato que não ocorre. E por que não ocorre?

Uma caixa de paçoca da mais vendida e empacotada individualmente vem com 50 unidades e custa em torno de R$ 12,00 podendo-se encontrá-las em promoções pontuais a R$ 10,00. Considerando o valor médio normal e mais regular, basta calcularmos que, se o indivíduo busca atender suas necessidades mensais com base num custo lastreado sobre o valor do salário mínimo, estaria afirmando que seu Custo Fixo atual seria equivalente ao valor do Salário Mínimo Brasileiro, hoje expresso em R$ 998,00 e, se ele pretender atingir isso vendendo três caixas por dia onde cada unidade tenha o preço de venda equivalente a R$ 0,50, como é comumente praticado, e seu esforço mensal teria como meta atingir a venda de 4.500 unidades por mês, o que equivale vender 150 unid/dia, ele poderia alcançar seu objetivo, porém há algumas considerações a serem apontadas. Assim, calculando quantas unidades ele precisaria vender por mês para ter suas necessidades supridas, encontraríamos os seguintes resultados:

Fórmula para calcular o Ponto De Equilíbrio Financeiro:
Onde:
Q = Ponto de Equilíbrio,
CF = Custo Fixo,
CFu = Custo Fixo Unitário, e
PVu = Preço de Venda Unitário.

Q= { 998 / 100 x [1-( 0,222/0,50)} x 100 =
Q = { 998 / 100 x [ 1 – 0,44]} x 100 =
Q = { 998 / 100 x 0,56} x 100 =
Q = { 998 / 56} x 100 =
Q = 17,8214 x 100 =
Q = R$ 1.782,14 de arrecadação bruta, que dividido pelo preço de venda R$0,50 resultam em mais de 3.564 unidades que deverão ser vendidas para atingir a meta proposta.

Ou seja, se ele conseguir vender 3.565 unidades, terá alcançado a meta de cobrir os R$998,00 desejados. Porém, se conseguir vender as 4.500 pretendidas, ele galgará cerca de R$ 1.170,00, o que na prática, apesar de um valor superior ao teoricamente desejado, não é suficiente para suprir as necessidades mensais se forem considerados aluguel, energia, água, alimentação, vestimenta, saúde, higiene, limpeza... e nesses casos, gastos com lazer, internet e capacitação nem são cogitados. A situação se agrava quando no contexto comum, geralmente busca-se suprir as necessidades de mais de um indivíduo, cuja família é geralmente composta por quatro membros em média quando se olha diretamente para a faixa de composição familiar existente nas famílias de baixa renda. Assim, a forma de ocupação aparente nem leva em consideração os demais custos, como por exemplo: O saquinho comprado para amarrar um combo com quatro unidades, muito menos caso precise comer algo na rua ou até mesmo, ignora a possibilidade de ocorrer algum prejuízo que necessite cobrir como perda. Nesse caso, não há nem o que se falar em lucro, apenas na mera busca pela subsistência, o que nem se pode ascendê-la ao termo “Sobrevivência” uma vez que o desgaste gerado é desmotivador diante dos eventos de retorno quais o trabalhador não consegue compreender porque ocorrem.

Todo ser tem em si a busca do sentido de utilidade e inclusão, e deseja ser aceito pelo meio que integra como também sonha ascender a estágios acima daquilo que enxerga ser o ideal. Daí, a principal necessidade sobre a responsabilidade de capacitar pessoas é que através delas é possível alcançar sociedades mais justas, humanas e igualitárias por meio da justa distribuição de renda que se dá via Suficiente Remuneração pelos esforços empenhados respeitando-se todos os âmbitos de existência do ser e não a partir de uma remuneração qualquer que aloque o indivíduo à condição de exclusão baseado num modus de extração de recursos e resultados pelo máximo possível independentemente do dano gerado. 

Ou seja, através de uma nova compreensão dos processos, objetivos e do que de fato é o lucro tangível e real, que diga-se de passagem, este não é de modo algum limitado ao mero conceito de retorno financeiro, tanto é que, se assim fosse, o dano proveniente de acidentes ambientais evitáveis como o de Mariana e investimentos incongruentes como Belo Monte não levantariam sérios questionamentos sobre seus efeitos, é possível obtermos resultados mais justos e um sistema que talvez nem gere tantas distorções. Dessa forma, quer saber se uma atividade, empreendimento, órgão, empresa pública, autarquia, investidor ou empresário está praticando justiça social? Basta saber em que condição de vida sobrevive aquele que recebe a menor remuneração expressa na Folha de Pagamento em comparação ao custo real de manutenção dentro da realidade em que este se encontre, uma vez que não é o Gasto com Pessoal que realmente sobrecarrega os Custos do Negócio, mas sim, a Falta de Infraestrutura Inteligente que escoe a produção associada à Sobrecarga Tributária que está sempre encoberta pelo argumento de inconsciência empresarial sobre as margens de lucro.

Porém, também de nada adianta a remuneração ser suficiente para amparar uma vida digna se o indivíduo não souber administrar seus recursos. Aqui há outro comportamento cultural fomentado pela irresponsabilidade do consumo empurrado e inconsciente que alimenta a cadeia produtiva com base no tempo de duração do produto ou moda sem considerar os demais efeitos nocivos provenientes da escala irracional de produção que empurra o respeito à vida para os menores pontos de prioridade e ascende ao topo de prioridades a maximização de resultados e desempenho organizacional não importando todos os resultados colaterais negativos e degeneradores gerados em todas as direções: A usurpação de Ser pelo Estar, que tem feito surgir a ansiedade oriunda do Vazio Existencial e consumido a humanidade culminando em aumento de índices de depressão e suicídio, pois uma vez que não se oferece os subsídios necessários ao desenvolvimento humano e expõe o indivíduo às constantes cobranças de um sucesso distorcido via inclusão não importando a origem do mérito, os efeitos perceptíveis podem ser por exemplo observados nas incongruências curiosamente comuns de “não se ter uma parede rebocada, porém se ostenta um Smartphone de Primeira Linha”; no “Fazemos embalagens recicláveis, mas não estruturamos como a destinação deverá ser feita”, e ainda no “ Pela Vida fomentamos a Morte”, quando nos levantamos na brutalidade do dissídio da guerra em vez da genialidade concernente à faculdade do diálogo.

Assumindo essa percepção, é possível notar que o Reaproveitamento de Potenciais existentes naqueles que desejam produzir, não sabem como fazê-lo e se sentem fragilizados diante dos diversos abusos sociais, econômicos e culturais sofridos pode estar diretamente relacionado a uma nova forma de produzir, que vise integrar o contingente excluído, alienado e disposto: A pulverização da produção através de células produtivas localizadas dentro das comunidades ou locais problemáticos cuja finalidade transcenda a ideia de retorno financeiro sem negligenciá-lo onde o somatório de forças não gerariam vínculos empregatícios entre si, mas responsabilidades mútuas e cooperadas, ajustadas e acordadas a fim de alcançarem juntos objetivos comuns dando ao “Modus Cooperativa” uma nova roupagem, onde as atividades desenvolvidas buscariam atender suas finalidades propostas de modo disciplinado, e gerarem para cada partícipe recursos suficientes a fim de alcançarem a Inclusão Social desejada.


Em outras palavras, fomentando e capacitando adequadamente pessoas para empreenderem em conjunto a partir dos locais em que se encontram, usando modelos e métodos eficazes através de produtos e/ou serviços artesanais e/ou semi-artesanais ou formando estruturas de micro ou pequenas empresas fabris ou industriais, onde elas enfrentem jornadas de trabalho contributivas cuja mensuração se dê via volume de produção individual esperado, regular e não escravizante de forma que lhes sejam possíveis os concílios entre trabalho, convívio familiar, convívio social, capacitação pessoal e lazer gerando sensação de superação, vitória, valor e pertencimento pode por conseguinte transformar a realidade tanto dessas pessoas quanto dos locais e entorno onde convivem. Nesse escopo, seria possível inclusive, interligar os polos produtivos a fim de formarem centrais de compras e distribuição ou agendamento, uma vez que, se devidamente organizados e a estrutura responsavelmente gerida, poderá ser possível trabalhar a praça do produto para além de suas fronteiras. Assim, seria a substituição da ideia de grandes estruturas centralizadoras de poder acompanhada pela melhor distribuição de responsabilidades e renda, que como resultado, somar-se-iam em complexos mais consistentes e estáveis pelos vínculo de posse preferencial traduzido mensalmente em PL (Participação nos Lucros e Resultados) ou Cotas e sentimento de pertencimento, e pela satisfação com a remuneração e o ambiente de trabalho uma vez que cada um sentiria em si a importância de sua finalidade independentemente da função exercida e perceberia no bolso a consequência disso materializando em sua realidade a ascensão da condição individual para a inclusão total, sem necessariamente estarem vendendo sua força de trabalho para terceiros.

Com base na ideia acima, é possível estendê-la ao aproveitamento das cadeias e elos possíveis de serem interligados via Logística Reversa e baseadas na Economia Circular, redirecionando outputs e resíduos transformando-os em inputs a serem trabalhados em estruturas semelhantes. Isso poderá fazer surgir pelo somatório orientado de empenhos uma nova força que funcionaria como reguladora de preços no mercado amplo para o tipo de produto ou serviço ofertado. Em pequena escala, corrigiria localmente as distorções dos preços promovidas pelo desconhecimento sobre como montar a estrutura de custos, diminuindo a distância de ganho médio por unidade entre os produtos industrializados e os artesanais, fazendo com que o consumidor final possa usufruir como benefício o consumo de produtos mais pobres em conservantes, açucares e sódio por terem a composição de produtos caseiros,  ou serviços menos desconformes, em ambos os casos, devido à capacitação objetiva e ao investimento direcionado na estrutura eficaz iniciando pela suficiente capacitação das pessoas envolvidas no processo de construção da célula em formação, algo que os esforços atuais para fomento do empreendedorismo não se revela capaz de fazer exatamente porque usa a boa vontade de ofertar crédito, em alguns casos a juros altos, para pessoas que não possuem senso financeiro, de custos, de disciplina sobre empreender e muito menos sobre como viabilizar suas vendas, distribuição ou reduzir os custos com compras a fim de aumentarem seus ganhos sem impactarem o preço de venda ou posicionamento do produto no mercado.

Analisando essa possibilidade, é possível compreender que essa estrutura não ficaria exclusivamente aplicável aos “Marginalizados pelo Sistema”, antes ela é democrática e poderia ser assumida por qualquer grupo que deseje encarar o ato de empreender, que é tão precioso e essencial ao fomento e geração de riquezas numa economia. Além disso, também visaria atender à evocação crescente sobre o ser humano passar a integrar a ideia de sustentabilidade de modo literal uma vez que, como consequências de responsabilidade, ganho, jornadas e lavoro mais humanos se obteria pessoas capazes de se desenvolverem em plenitude e aumentarem seus “tempo de vida útil”, contribuindo inclusive com a redução indireta dos índices de afastamento por doença e a pressão sobre o Sistema Único de Saúde, aumentando o combate à corrupção devido ao não fomento de práticas desconformes, e a redução da violência, diante da ocupação valorizada e reconhecida socialmente pois, formar-se-iam indivíduos mais conscientes e com visão amplificada sobre todo o contexto produtivo, social e adjacente, como também, ao resultarem em seres que geram em si mesmos a capacidade de solucionarem as próprias questões de sobrevivência passando a distribuir para o Estado apenas aquilo que a ele concerne, passam a atuarem como modelos e espelhos dentro de suas próprias localidades.

Talvez haja quem considere isso um risco, porém risco maior é o resultado que se delineia através do modus atual de produção uma vez que ele ao mesmo tempo que entrega algum resultado, se degrada e degenera inviabilizando a si mesmo, algo que pode ser claramente notado pela dificuldade em ocupar postos de trabalho com pessoas devidamente capacitadas e motivadas ainda que a remuneração seja atrativa, e até mesmo, nas ocupações cujas exigências parecem mínimas. Isso revela que o declínio das faculdades do ser humano fomentado e reforçado pelo atual e obsoleto modus de produzir, ser, pensar e sentir carece ser urgentemente repensado e substituído.

Através do exercício do empreendedorismo artesanal, das dificuldades encontradas, da necessidade de atender as próprias necessidades e de como solucioná-las, foi que vim notando as possibilidades que uma estrutura grupal devidamente empoderada pode contribuir em diversos contextos. Daí surge o problema, como grupos de pessoas podem se organizar, somar esforços e produzirem juntas, inclusive resgatando receitas de família como produto ou serviço a ser ofertado?

Bem, o modus proposto e discorrido no texto traz algumas respostas, a forma é que carece inspiração de cada um que ousar se dispor. No caso da Egly Delícias, o projeto pessoal que estou usando para testar a proposta desse modelo, desenvolvê-lo e construí-lo, encontrei a resposta para o aumento de escala de produção ao me recordar do tradicional Doce de Tamarindo vendido quando eu era criança na Bahia. Lembrei que ele era comercializado em copinhos de cafezinho e tampados com um recorte de plástico somado a uma paleta de madeira do tipo que era entregue quando comprava-se um sorvete cascão, e a aquisição do potinho de molho usado atualmente que surpreendeu a clientela, se deu logo que fiz a primeira compra para retomar a produção em 11/06/2019 cujo objetivo foi o retorno ao mercado em 12/06/2019. Isso significa dizer que, por eu já ter usado essa mesma atividade como projeto de pesquisa para a conclusão do curso de Administração, me foi possível partir do ponto onde parei, mas nem sempre será assim. 

Muitas vezes, quando iniciamos um negócio, vamos descobrindo ao decurso qual e como trabalharemos no ramo ou nicho o produto que ainda estamos desenvolvendo. Já quanto ao envolvimento e comprometimento entre as pessoas, noções de etiqueta comportamental, educação social e emocional podem ajudar bastante, inclusive aprendizados sobre a noção de cooperação entre integrantes de uma equipe, e mais que isso, sobre a estruturação saudável de um contexto familiar, pois é isso que esse grupo em suma irá se converter sob certa perspectiva. Daí, integridade, transparência, conhecimento, paciência, disposição, liderança, atendimento de suas finalidades e distribuição clara delas e de responsabilidades podem contribuir para a possibilidade de sucesso, porém sobretudo, terem em mente que é preciso aprenderem sobre ferramentas administrativas e decisórias para que todos sejam capazes de cooperarem entre si com mais qualidade, revela-se essencial.

Conheçam os projetos:
 Egly Delícias @eglydelícias
No primeiro, acompanhe a demonstração prática.
No segundo, a informação e formação teórica que pode contribuir contigo!

Abraço, Gratidão e Até!
♥🌹



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