Sistema Misto, Parte II: Princípios de Governança Corporativa como Demanda Social e Empresarial para a Gestão Pública
Tema: Responsabilidade Social, Qualidade da Sociedade, do Governo, da Economia e das Relações de Mercado: Como a Governança Corporativa pode ser aplicada ao contexto social e governamental, e como isso se revela uma demanda da sociedade e do empresariado.
Foto: Joyce Egly, Palácio Anchieta, Vitória, Espírito Santo, Brasil.
CONSIDERAÇÕES
Há muito tempo que os mercados
vêm demonstrando exaustão frente às diversas complicações inerentes às costuras
das evocações ditas sociais, religiosas e “ideopartidárias”. A confusão
constante a respeito dos direitos individuais e coletivos bem como a exigência
por mercados com concorrência justa e limpa vem forçando mobilizações em
diversos contextos. Na América Latina, por exemplo, pode-se notar o quanto as
costuras dos diversos vieses têm prejudicado os desempenhos econômico, social e
dos índices de desenvolvimento humano exatamente porque estão sempre ligados ou
estimulados a diversos fatores externos ao homem no sentido individual.
Têm-se creditado às redes sociais,
à imprensa, à líderes políticos e religiosos, à mitos, anjos e demônios a responsabilidade
dos resultados, menos ao próprio indivíduo que sempre se deixou levar em
movimentos de massas sem o devido questionamento do porquê está se deixando
conduzir. Fato é que as questões de crença, fé, escolhas individuais e interesses
diversos moldam a realidade em que cada um se encontra. Assim, politicamente,
uns defendem A porque convém ao que acredita e busca defender, do mesmo modo
que outros defendem B, C... Porém, a confusão entre o Papel do Estado com as questões
individuais, têm produzido ambientes inseguros juridicamente, socialmente,
politicamente e nos âmbitos educacional e de negócios.
Discordar é uma prerrogativa
humana, e há muitos artifícios usados nos processos que moldam os fatos reais nas
formas como cada um os contará, algo que é comum na história humana e ignorar que
isso ocorre, equivale dizer que as Leis Naturais deixarão de existir, pois os
mesmos perfis de joguetes levaram muitos impérios, organizações e pessoas à
decadência, e estimularam diversos movimentos de massa. Desejar que esse quadro
mude e se unir para que tal escopo se reorganize de modo mais justo, é também
uma mobilização genuína devido aos diversos desgastes que o modus ultrapassado
e desgastado de gerar resultados em sociedades com perfis corruptos marcantes
produziu e produz, e isso revela-se o efeito rebote nesse processo.
No caso Brasil, por exemplo, os
escândalos de corrupção envolvidos na História do país, demonstram como a gama
de interesses diversos ao Interesse Público têm operado, quer sejam através do
comprometimento da estrutura governamental, quer sejam pelo conchavo político
dentro dos desdobramentos da estrutura, quer sejam pelas costuras de interesses
individuais aninhados em grupos dentro de todas as estruturas que compõem tanto
o arquétipo do governo quanto nas diversas organizações na estrutura da
sociedade, cujas ações ficaram popularmente conhecidas sob o bordão de “jeitinho
brasileiro”. Fato que produz anomalias como as reveladas pelos casos Odebrecht,
OAS, Petrobras, JBS e tantos outros esquemas via licitações ou repasses de
incentivos que produziram semelhantes Mensalões, Mensalinhos, Abacaxis,
Jabuticabas... regados à Champanhe, Vinho, Sorvete, Caviar e muita pizza com
direito a “Charutos” para arrematar.
Muitos emigrantes buscam economias
mais fortes por encontrarem nelas as condições que desejam ter em seus países
de origem a fim de que possam viver e se desenvolverem com melhor qualidade e
segurança de vida. Como por exemplo, quando o brasileiro emigra para alguns
países europeus, Estados Unidos, Canadá... Austrália. Já a velha dicotomia
entre EUA x China tem confundido o espelhamento de interesses que caminham paralelos
entre eles: Manter ou conquistar vantagem competitiva frente ao mercado mundial bem como desenvolver cada vez mais qualidade de vida e de geração de riquezas para suas soberanias e populações. Nesse arrolo, parcerias de
desenvolvimento e cooperação têm surgido entre nações que outrora talvez não os
fariam, porém, inegavelmente, os EUA ainda configuram como a maior economia
mundial e a Inglaterra destaca-se por resistir à mudança no sistema de regência,
algo que parece coerente diante das inconsistências demonstradas pelos modos de
gestão apresentados pelas economias que se organizam como república, uma vez
que esta depende diretamente da qualidade e nível de desenvolvimento de seus
cidadão, porém, até quando o povo vai suportar essa diferenciação e
distanciamento de poder entre ele e aqueles que o governam? O povo estaria
realmente preparado para exercer o poder em plenitude? A atrofia revelada pela
introdução precoce da República nos ambientes em desenvolvimento revela um
risco em cadeia quando a população é despreparada e imatura para o exercício do poder,
ainda que a grande maioria decida não se comprometer ou se envolver
politicamente.
Toda economia está passível a crises, e Crise faz parte do desenvolvimento humano, político, social,
econômico e dos mercados. Por responsabilidade contábil e fiscal, em algum momento,
serão necessários ajustes que equilibrem as contas a fim de proteger os
interesses nacionais e tais ações podem incomodar interesses alheios, o que é
natural. Outro ponto importante é o motivo pelo qual muitos preferem as
economias citadas a irem para outras que se declaram emergentes: Elas são mais
sólidas, produzem os efeitos desejados e, através da dedicação e do trabalho é
possível crescer. Além disso, encontram nelas a garantia de que suas
individualidades serão respeitadas desde que ela não traga risco à segurança
nacional, o que é de se compreender, porém, aqui cabe uma reflexão: Assim como o Power
Law pode apresentar distorções por causa do fator humano, a falta de critérios ao
discriminar individualidades que geram fatores de risco, também podem causar
anomalias quanto ao fator humano.
Já internamente, as constantes
disputas e alternâncias sobre a forma como conduzir a nação sempre ocorrerão
enquanto as Repúblicas e Democracia existirem no contexto onde as eleições forem
o caminho para a ocupação de cadeiras cuja função possa expressar através do
atendimento da finalidade, o poder de promover as alterações ou permanências
defendidas e desejadas. As disfuncionalidades com quais tais postos e cargos
são utilizados é que necessitam ser combatidas já que, sob observações e
análises cuidadosas, costumam refletir os hábitos e costumes presentes na
sociedade e, por esse motivo, refletem sua qualidade e o nível de dificuldade
que será enfrentado durante esse processo de correção, porém, admiti-las, de qualquer forma que seja, geram cada vez mais distorções, disfuncionalidades e vícios crescentemente mais potentes, danosos e arraigados, exigindo-se maior empenho a cada período a mais que tais atuações viciadas se consolidem.
Historicamente, a humanidade
produz mitos, monstros, aberrações e heróis, quer seja por anuência, por jogos
de interesses ou pela loucura da complacência ou anuência com o absurdo. Os
massacres de povos e culturas, “O Terror” francês, o assassinato da família real
russa em 1908, Auschwitz, os ditames de Mussolini, a invasão e permanência do Tibet,
a destruição da Assíria e de outros povos classificados por estereótipo como “De
Risco”, o Holodomor Moderno, as migrações em massa produzidas pelas loucura e
ignorância internas aos países de onde seres humanos têm desesperadamente
fugido, são bons exemplos dos frutos daquilo que o professor Augusto Cury
descreve na obra “Em Busca do Sentido da Vida” como “Síndrome do Circuito
Fechado da Memória e Síndrome do Pensamento Acelerado”, por promoverem o “aborto
da capacidade crítica” diante de ações desumanas, incoerentes ou até mesmo
absurdas, como as exemplificadas. A título de informação, durante o período
histórico francês conhecido por “O Terror”, cerca de 100 decapitações por dia
eram determinadas por aqueles que “desejavam promover o equilíbrio das coisas”.
Diante desses e de tantos outros fatos, resta o questionamento, quantas vezes
mais a humanidade evocará o equilíbrio a partir do caos promovido pela
ignorância?
A oposição irresponsável assim
como o apoio indulgente geram anomalias quais necessitamos, por nossa sanidade
e saúde, combater. Admitir que não há homem, partido, religião, ideologia,
tese, teoria ou se quer informação perfeitos é um passo precioso no processo de
formação da consciência. Semelhantemente, compreender que os movimentos das
massas são forjados também pelos mesmos fatores definidos acima por Cury, aos
quais acrescento somando voz a outros questionadores, a ausência de preocupação
pessoal com o desenvolvimento de uma Consciência Saudável, revelam como a
humanidade tem transformado todos os âmbitos da vida em enormes “fast foods”, inclusive
sob a máscara de uma vida fitness, aparentemente livre ou altruísta, como por
exemplo, através dos personagens que criamos a respeito de nós mesmos a fim de
convivermos no ambiente extremamente ácido ou alcalino em demasia no qual a
humanidade tem gerado para ela mesma coabitar, viver e tentar se desenvolver de
algum modo. Nesse contexto, “As Leis da Selva” no ambiente humano, têm se
valido pela capacidade de esmerar-se em raciocínio, conhecimento, valores e
saber lidar com os oportunismos, que neste caso, parecem reger as danças entre
interesses, integridade maleável e poderes diversos.
Dessa forma, negar que a informação
ministrada às massas as mobiliza pela incapacidade crítica e afirmar que
somente ela é capaz de mobilizá-las, é incoerente devido ao Fator Humano. No
isolamento virtual e social qual experimentei e infelizmente não pude fazer registro
de ocorrência quanto a crime virtual, percebi que assim como num jogo de
interações humanas em nível virtual, as informações ofertadas pela criptografia
combinadas entre as redes sociais e buscadores podem formar um diálogo que
reforça nossas preferências individuais nos isolando em bolhas virtuais que podem
se estender a bolhas sociais no âmbito não virtual. Isso só ocorre porque,
aqueles com os quais nos conectamos e associamos nas duas “Esferas de Realidade”,
possuem de algum modo interesses ou assuntos semelhantes e assim, replicam ou
abordam os temas nos quais estamos envolvidos e, como numa disputa na qual
ninguém quer ficar de fora, replicam em cascata os assuntos, temas, abordagens,
fofocas, roax, apelos, acordos e notícias sem a devida análise e reflexão ou
até mesmo, sem se quer propor outro questionamento sobre o que está a compartir.
Esse processo reflete em espelho o mesmo comportamento percebido nas agências
de notícias, em quaisquer dos tipos que elas se expressem, ao correrem para não
serem os últimos a divulgarem “a informação do momento”, com destaque para os
veículos que se ocupam das vidas privadas das personalidades públicas, sejam
elas celebridades, artistas, pensadores, empresários, políticos ou até mesmo
qualquer indivíduo com algum poder de influência. Além disso, as reações, ações e interações são alimentadas, reproduzidas e transformadas em ações no âmbito das interações não virtuais pela organização entre Seres Humanos que através dos pontos que lhe incomodam ou lhe são inerentes, se mobilizam para tomarem ações quais sintam em si serem necessárias, convenientes ou, por se colocarem em posição de superioridade ou capacidade de julgar, desferindo contra o objeto de suas ações, as limitações de si mesmo como se fossem vingança ou falta de respeito, o que pode gerar situações que envolvam crimes contra a honra e a vida. Ou seja, o Fator Humano Individual mais uma vez prevalece sobre qualquer ação ou Inteligência Artificial e é a Consciência de cada indivíduo que fará a diferença nas respostas presentes bem como nos resultados obtidos.
Portanto, as reais engrenagens do
sistema que tanto atribuem a possíveis “Senhores do Mundo” e etc, nada mais é
do que o resultado de diversos conflitos de interesses e replicações em diferentes
âmbitos, esferas e níveis por motivações de necessidades de reconhecimento,
vantagem competitiva, integração, aceitação, sobrevivência e, até mesmo,
manutenção da liderança frente algum segmento, assunto ou referência. Assim, quando um
“Fator Irritante” é identificado, a primeira iniciativa é tentar aglutiná-lo ao
processo a fim de valer-se dele para reforçar seus próprios argumentos e
iniciativas buscando ampliar sua vantagem competitiva diante daqueles com os
quais há alguma forma, veio ou meio de disputa. Em sentidos colaterais, todos
os que a ele farejam, se aproximam a fim de retirarem desse processo algum
proveito, e assim como na ordem de animais que se alimentam das sobras ou
carcaças, se satisfazem com algum ganho obtido que lhes reforcem “o caixa”,
ainda que este seja intangível. O questionamento está nos modos como esses processos
ocorrem, se legais ou não, e é aí que entram as questões dos valores, moral e
integridade maleáveis soprados pelos próprios interesses, que, ao invés de
manterem aquilo que afirmam veementemente defender, simplesmente se servem e
seguem em frente de forma contumaz, e é por esse motivo que, segredos de
vantagem competitiva no âmbito de negócios, acabam sendo preservados como
expertise porque garantem o sucesso, diferenciação e alcance das metas
desejadas frente aos demais concorrentes bem como a sobrevivência, continuidade
e desdobramento do empreendimento.
Já quanto “à velha mistura” entre
as evocações das ditas minorias, dos trabalhadores, das famílias, do poder, da
legalidade e etc com uma ideia equivocada de propriedade creditada a partido,
ideologia, etnia, segmento, crença ou seja lá o que for que se aproprie de
quaisquer desses quesitos sob esse aspecto, ainda que “por dar a entender” que
possua sobre eles alguma hegemonia, revela urgência quanto a necessidade de
expandir os conceitos a respeito desses pontos pois nem famílias, nem trabalhadores,
nem sexualidade, nem informação são exclusividades “ideopartidárias”, porém, a “Coisa
e o Bem Públicos” devem e precisam ser defendidos respeitando-se as
individualidades e a coexistência pacífica entre todos os agentes atuantes e
fatores que compõem uma sociedade de modo a buscar gerar um ambiente de
segurança, paz, conforto e certezas referentes à capacidade do Estado em
Defender, Proteger e Representar TODOS os seus cidadãos de forma justa,
fraterna, responsável, igualitária e ordenada visando o seu progresso em consonância
com a paz e a ordem dos demais países.
Já quanto a Governança Corporativa
aplicada à Gestão Pública, os quesitos de transparência, modelos eficientes que
garantam uma gestão responsável, o combate à corrupção e desvio de funções e
finalidades bem como o combate à desvirtuação da função pública, a promoção de estruturas
que realmente estejam conectadas visando uma maior produtividade e economia a
fim de produzir uma máquina pública que atenda à justificativa de sua
existência que é defender os interesses da nação, geram ambientes melhores
através do aumento da confiabilidade que atrai investidores, inclusive através
do tipo de priorização de investimento a ser realizado e a manutenção de um
ambiente jurídico sólido que realmente esteja comprometido em realizar seu
trabalho livre de vieses particulares protegendo a Constituição que sempre deve
ser observada, analisada e atualizada conforme as demandas da sociedade se modificam e evoluem. Ora, os interesses de uma nação jamais devem ser confundidos como
específicos de grupos, indivíduos, setores, segmentos ou até mesmo de partido
ou personalidade pública e pensador. Aqui cabem alguns questionamentos motivadores:
Quando se deseja analisar um
ambiente, cenário ou produção, elege-se uma amostra dentro de um universo
existente para se verificar o volume de ocorrências padrão e as que fogem ao
padrão. No Brasil, dentro de um Universo de todos os representantes políticos,
dos alocados por indicação política, ou dos personagens políticos que foram
listados ou tiveram em mãos o poder de fazer, quantos se envolveram ou foram
envolvidos em processos de corrupção? Dentre os que se declaram envolvidos,
quantos de fato foram inocentados e sob quais argumentos? Quantos desses
argumentos justificados realmente refletem a realidade ou foram produzidos pela
ineficiência em comprovar as infrações, pela grande dificuldade em lidar com as
diversas camadas abusivas do sistema ou por acordos entre interesses? Várias
dessas respostas apenas ficam suspensas no campo da suposição, outras em inconformismos mal consolados de que, diante do escopo e organização de nosso sistema judiciário, se arrastarão
por tempo suficiente até caducarem ou, se comprovadas as ilicitudes, como já ocorreram em
outros instantes, o dissabor de penas que não revelem a devida justiça, trazem
o fel da incerteza quanto a punibilidade. Fatos que combinados produzem
descrédito frente a outras economias, afastam investidores e tornam a nossa
realidade cada vez mais difícil. Não há outro que tenha poder de mudar essa
realidade senão o próprio povo brasileiro através de uma consciência que
realmente questione os fatos e refreie seus pensamentos e ações, voltando-se
para o que realmente atende seu papel como ser humano, indivíduo e cidadão.
Continua...
Abraço, Gratidão e Até!
♥🌹
Conteúdo: Joyce Egly
@joyceegly nas redes sociais.
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